Como promover uma imagem corporal positiva e alimentação saudável em crianças

É consenso na literatura que as atitudes em relação ao tamanho corporal e a imagem corporal são formadas na primeira infância, e que muitas crianças desta idade já associam características negativas às pessoas obesas e positivas aos magros. Os pais e familiares têm um papel formativo no desenvolvimento da imagem corporal, uma vez que são eles que têm o papel de controlar o acesso à mídia, servem de exemplo quanto as suas atitudes (Ex. avaliação que fazem de si mesmos e dos outros), comportamentos (Ex. prática de exercícios, hábito de fazer dietas), e os comentários e críticas que fazem em relação à aparência. 1,2,3

Confira abaixo algumas dicas valiosas que podem ajudar a refletir sobre as nossas próprias posturas perante nossos filhos, e, desta forma, promovermos uma imagem corporal positiva e uma melhor relação com a comida.

1) Entenda que ser um modelo de escolhas alimentares saudáveis não significa fazer restrições ou excluir alimentos considerados como “ruins” ou “proibidos”. Sabemos que a restrição em excesso aumenta o risco de em algum momento seu filho querer comer muito do alimento que ele foi privado, podendo até mesmo caracterizar uma compulsão alimentar. Também já é consenso que fazer dieta, pular refeições e incentivar seu filho a fazer dieta, também pode promover um aumento da preocupação com peso e comida, e consequentemente de problemas relacionados ao peso, como obesidade e transtornos alimentares. Ser um bom modelo é: oferecer uma alimentação diversificada, com todos tipos de alimentos; tomar o café da manhã todos os dias, encorajando seu filho a fazer o mesmo; promover refeições em família, tornando esse um momento prazeroso e relaxante, que promova boas memórias alimentares.

2) Busque entender as suas próprias questões em relação a sua imagem corporal. Mesmo que se sinta insatisfeito com o corpo, procure não fazer comentários negativos sobre seu corpo na frente dos seus filhos. Evite fazer comentários também sobre o peso de outras pessoas, pois desta forma você estará promovendo a perpetuação do estigma do peso tão frequente hoje na nossa sociedade. Ser um bom modelo é: falar de seu corpo de uma forma positiva; demonstrar aceitação das diferentes formas corporais; e falar da importância de se ter um corpo ativo e saudável e não o magro e musculoso.

3) Por fim, criar um ambiente de muita conversa e escuta é essencial. É através desta atenção que podemos perceber possíveis preocupações dos filhos com o peso. Deixar claro que você os ama independente de seu peso, de que aceita ele do jeito que ele é, independente do seu peso, tamanho ou forma corporal, de que a identidade de cada um vai muito além da aparência física, é muito importante para construção da sua autoestima corporal.

 

 

Profa. Dra Karin Louise Lenz Dunker

Nutricionista pela USP. Mestre e Doutora pela USP. Pós Doutora pela UNIFESP. Docente em cursos de Pós-graduação, com formação em Entrevista Motivacional e Mindfulness-Based Eating Awareness Training (MB-EAT). É autora principal do primeiro programa de prevenção integrada (obesidade e transtornos alimentares) do Brasil – o New Moves, realizada em escola estaduais de SP. Membro do Grupo Especializado em Nutrição, Transtornos Alimentares e Obesidade – GENTA e do Núcleo de Pesquisa (NUPE) do AMBULIM-IPq-HC-FMUSP. Organizadora do livro Transtornos Alimentares e nutrição: da prevenção ao tratamento. Editora Manole, 2020.

 

 

 

Referências:

  1. Hart LM, Damiano SR, Chittleborough P, Paxton SJ, Jorm AF. Parenting to prevent body dissatisfaction and unhealthy eatingpatterns in preschool children: A Delphi consensus study. Body Image.2014, 11:418–425.
  2. Hart LM, Cornell C, Damiano SR, Paxton SJ. Parentsandprevention: a systematic review of interventions involving parents that aim to prevent body dissatisfaction or eating disorders.Int J Eat Disord. 2015, 48:157-69.
  3. Damiano SR, Gregg KJ, Spiel EC, McLean SA, Wertheim EH, Paxton SA. Relationships between body size attitudes and body image of 4-year-old boys and girls, and attitudes of their fathers and mothers. Journal of Eating Disorders. 2015, 3:16.

 

 


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