Comemorações de fim de ano e a pandemia

As festas de fim de ano estão chegando, e o que para alguns é um momento muito aguardado e de comemorações, para outros é um momento extremamente desconfortável e que suscita angústias, medo, comparação, sensação de inadequação entre outras sensações. Mas como serão as festas no contexto atual de pandemia?

Para algumas pessoas a pandemia trouxe a possibilidade de não participar das festas e manter o distanciamento social, em muitos casos um alívio de não ter que estar em contato com alguns familiares que são nocivos, seja pelas conversas sobre dieta e corpo ou por encontrar um familiar que promove memórias negativas quanto a peso e comida.

A grande quantidade de alimentos disponíveis nessas comemorações e o medo de “perder o controle” frente a tantas opções também é um receio frequente nos pacientes com Transtornos Alimentares, e é nesse contexto que os pacientes estão inseridos.Parece, portanto, haver alguns motivos pelos quais esses pacientes desejam evitar tais comemorações e temem essa época do ano. Mas o que você como familiar pode fazer?

Segue algumas dicas que podem ser aplicadas em contexto de reuniões familiares e na vida de forma geral:

  • Não fale sobre o corpo do outro, nem se engordou, nem se emagreceu, pois quem ganhou peso, deve ter percebido através das roupas e você não oferecerá nenhuma informação nova e que ajudará de fato. Se a pessoa emagreceu, ainda que pareça um elogio, é dispensável falar, muitas pessoas se sentem desconfortáveis de estarem sendo “notados” pela sua forma física, além de em alguns casos esses “elogios” contribuírem para a manutenção de alguns comportamentos inadequados por parte do paciente para manter aquela forma corporal;
  • Evite falar sobre comida com termos como: “gordice”, “dia do lixo”, “jacar”, ou rotular alimentos como bons e ruins,”fit ou fat”. Esse tipo de discurso pode trazer ainda mais angústias e sofrimento para quem tem transtorno alimentar, suscitando medo, raiva e um julgamento exacerbado sobre os alimentos e sobre si mesmo;
  • Não insista para as pessoas comerem isso ou aquilo, deixe que elas façam suas escolhas e nunca faça chantagens ou jogos emocionais utilizando a comida como por exemplo: Come mais um pouco, você não gostou? “Não tem problema sair da dieta, amanhã você compensa…” Essas frases que parecem inofensivas, podem ser gatilhos importantes para pacientes com transtornos alimentares.

Para refletir: Se você tem Transtorno Alimentar e tem medo de ir as comemorações familiares com receio de exagerar, tente olhar para esse momento como uma oportunidade de estar próximo a pessoas queridas, aproveitar a música as conversas e o ambiente, lembrando que a comida é uma parte da comemoração e não o núcleo. Eleger uma pessoa que possa te apoiar nesse momento também pode ajudar, pense nisso!

Se você faz parte do grupo que manterá o distanciamento social, esta pode ser uma oportunidade para reavaliar quais são as pessoas que você realmente deseja que estejam próximas nesse momento.

 

 

 

Ariana Galhardi Lira

Nutricionista. Mestre em Nutrição: do nascimento à adolescência (CUSC). Aprimorada em Transtornos Alimentares (HC-FMUSP). Instagram: @nutrireconectar.


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