Julia Lopes de Oliveira

Meu nome é Júlia Lopes e eu gostaria de contar um pouco sobre a minha experiencia com o transtorno alimentar.

Bom, desde que eu me entendo por gente, eu sempre estive insatisfeita com meu corpo e algo sempre me incomodava, a ponto de eu começar a minha primeira dieta com 11 anos, mesmo não estando acima do peso.

Em 2020, junto com a pandemia, veio 5kg a mais e isso começou a me incomodar mais que o normal. Procurei ajuda de nutricionista e personal para perder esse peso que estava me incomodando, mas não foi só o que estava me incomando.

Quando se passaram 2 meses de dieta, e treino eu já tinha perdido 10kg e junto a minha vontade de viver. Eu não aguentava mais contar calorias, passar vontade de comer algo, treinar duas vezes por dia, estava exausta, e estava atrapalhando meu desepenho nos estudos, pois não conseguia pensar além de emagrecer.

Conforme o tempo foi passando, estava cada vez mais magra e as pessoas cada vez mais assustadas. Descobri como comer o que eu queria, e não ”engordar”. Passei a vomitar tudo o que eu comia, e com isso comecei a desenvolver gastrite e refluxo a ponto de não conseguir segurar mais nada no intestino, e também não tinha mais apetite algum, fora que também parei de menstruar. Minha vida estava acabada, se eu continuasse daquele jeito.

Estava catabolizando, perdendo mais massa que o normal, sem força para nada. Meus pais se deram conta de que aquilo não estava certo, e passaram a me monitorar na hora das refeições. Me proibiram de treinar, e de sair de casa sem eles, mas isso não adiantou, pois eu fazia tudo sozinha, vomitava, e ate mesmo já cheguei a jogar comida fora para não ter que comer…e por muito tempo minha vida continuou assim. Depois de um ano inteiro assim, eu já tinha perdido 28kg e estava 10kg abaixo do meu peso ideal para sobreviver, e foi assim, subindo na balança que eu me dei conta de tudo o que eu estava perdendo por ficar refém de um padrão imposto pela sociedade.

Fui dignosticada com anorexia nervosa e com bulimia, com ajuda de médicos, psicólogo, e da minha irmã, que é medica. Fui conseguindo me reeguerder e entender que a comida não era a minha inimiga e sim a minha amiga.

Passei a não ter mais tanto medo de comer, mas tendo várias recaídas durante o processo, passei a entender que a atividade física não era uma obrigação e sim lazer. Comecei a gostar de frequentar a academia e fiz várias amizades que me ajudarem durante o processo.

Hoje, depois de dois anos de recuperação, posso dizer que o processo não é facil e nem vai ser. Tive muito medo do ganho peso, medo do que as pessoas ao redor iam falar sobre o meu corpo e principalmente, medo de voltar a odiar meu corpo como antes.De fato ainda tenho muitas inseguranças em relação ao meu corpo, mas aprendi que ele é meu templo e tenho que cuidar dele porque não há nada mais precioso. A recuperação foi uma das decisões mais difíceis da minha vida, mas foi a melhor.