A neuropsicologia no tratamento dos transtornos alimentares

 

A neuropsicologia estuda as relações existentes entre o cérebro e o comportamento humano, assim como suas funções mentais, tais como: a atenção, a linguagem, a memória, a percepção e as funções executivas, que são habilidades e capacidades que permitem ao indivíduo controlar, regular seus pensamentos e comportamentos, executando as ações necessárias para atingir um objetivo, ou seja, a realização de ações voluntárias, independentes, autônomas, auto organizadas e direcionadas para metas específicas.

No atendimento de pessoas com transtornos alimentares, a neuropsicologia atua na identificação de déficits cognitivos associados aos sintomas clínicos do transtorno, através da avaliação neuropsicológica, com o objetivo de avaliar a relação entre vários mecanismos do processamento cognitivo e os comportamentos alimentares, a fim de obter uma melhor compreensão do funcionamento e auxiliar no processo de intervenção terapêutica junto à equipe multidisciplinar, bem como no processo de reabilitação neuropsicológica.

Estudos mostram que pacientes com Transtornos Alimentares apresentam déficits de atenção, de memória, déficits significativos nas habilidades visuo motoras, déficits na capacidade de planejamento e de solução de problemas (Função Executiva), na Tomada de Decisão e diminuição da capacidade de abstração e flexibilidade cognitiva, devido principalmente à desnutrição, distorção de imagem e alterações no estado de humor.

O comprometimento cognitivo afeta a capacidade funcional e, esse declínio funcional, interfere na execução de tarefas diárias, principalmente as funções executivas, responsável pelo controle e regulação dos pensamentos, emoções e ações,  gerando grandes consequências para a manutenção da vida social.

Como estratégia de intervenção, a reabilitação neuropsicológica busca reduzir os efeitos de déficits cognitivos e alterações de comportamentos emocionais que se constituem como obstáculos ao desempenho adequado em tarefas do cotidiano, ou seja, melhorar o aproveitamento das funções total ou parcialmente preservadas por meio do ensino de estratégias compensatórias, aquisição de novas habilidades e a adaptação às perdas permanentes. Sendo possível, desta forma, melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

 

Palavras-chave: Neuropsicologia, Reabilitação Neuropsicológica e Transtornos Alimentares.

 

Andreza Carla de Souza Lopes

Neuropsicóloga, Psicóloga Clínica, Mestre em Neurociências e Comportamento pela Universidade do Estado de São Paulo – USP, pesquisadora e Coordenadora da Equipe de Neuropsicologia do Programa de Transtornos Alimentares (AMBULIM) do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP.


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