Renata Rennó

Não lembro da minha vida sem o transtorno alimentar, desde muito pequena apresento sintomas. Já tive ortorexia, bulimia, um princípio de anorexia e compulsão.

Procuro tratamento desde sempre. Passei por inúmeros médicos, psicólogos e psicanalistas. Como naquela época não havia tanta informação sobre Transtorno Alimentar cada profissional trazia um novo diagnóstico.
Há uns 3 anos descobri que existia um tratamento especializado, e entrei em contato com especialistas dispostos a me ajudar, que aceitaram me atender, apesar das minhas dificuldades financeiras. Assim iniciei o tratamento com uma nutricionista comportamental e com uma psicóloga especializada que foram espetaculares.

Depois de um tempo consegui atendimento no Ambulim, dando continuidade ao tratamento, apesar de nunca acreditar que pudesse acabar com os sintomas.

O tratamento não é fácil mesmo para quem faz terapia desde criança, como foi o meu caso. Muitas vezes pensei em desistir e vi muita gente desistindo, mas com o apoio da família, amigos e profissionais, continuei.
Fiquei muito surpresa com minhas primeiras conquistas, e junto com elas muitas mudanças. As relações, percepções e interesses mudam.

Quando te dizem que o processo interno é o mais importante, pode acreditar que sim. Eu focava no meu corpo (um dos sintomas do transtorno) para não ter que lidar com outros aspectos da minha vida. Irônico foi ver que lidar com meus medos e traumas foi menos dolorido do que continuar a escondê-los.

Hoje não apresento mais os sintomas, algo que eu nunca acreditei ser possível. O alívio em ter uma relação tranquila com a comida, em deixar as emoções fluírem pelo meu corpo e não prendê-las é transformador. Aprendi que o transtorno alimentar sempre estará à espreita em mim e que preciso estar sempre atenta, mas isso não significa mais dor, apenas autoconhecimento. Aprendi também que mudar pode ser muito prazeroso, que as emoções (tristes ou alegres) não são sentimentos de que precisamos fugir pois sempre que olhamos nossas questões de frente, com respeito e carinho, elas diminuem de tamanho.
Um conselho: não desista de você. Invista em autoconhecimento. O caminho nem sempre é florido mas vale a pena

 

Renata é formada em Relações Públicas pela FAAP, Mestre em Antropologia pela Universidade Federal de Sergipe e Pós Graduada em teorias e técnicas para Cuidados Integrativos pela UNIFESP.

 

 

 

 

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